domingo, 20 de junho de 2010

Escutar a Terra, as Plantas e os Animais


Por Peter Feneberg (Felix)

Peregrinos da Associação Pachamama, conheci o seu grupo faz cerca de 4 meses e participo regularmente das meditações na casa da Nuit em Lages. É um grande prazer conhecer o seu movimento.

Sou alemão da Baviera com vinte anos no Brasil e trinta anos de experiência na agricultura biodinâmica.

A maioria das pessoas sabe que tinha duas guerras nas quais nosso povo esteve envolvido, mas a maioria não sabe que tivemos um guia espiritual que ensinou aos povos de língua e cultura alemã o acesso ao mundo espiritual e deu dicas como pode estabelecer uma sociedade humana na terra. Ele se chama Rudolf Steiner e é fundador da antroposofia. A agricultura biodinâmica se baseia nos seus conceitos(*).

Lidando 30 anos com a terra respeitando e observando as leis naturais posso dizer que hoje “escuto” a terra, as plantas e os animais falar comigo. Habilidade que os povos antigos também tinham, mas que a maioria das pessoas perdeu.

Quero convidar todo mundo de conhecer a minha horta em Lages sem agrotóxicos ou adubo sintético ou se houver interesse de estabelecer hortas similares em outros lugares.

Felix
Contato: peter.feneberg@erama-consult.com

(*) “Rudolf Steiner - fundador da Antroposofia - criou o Movimetno Biodinâmico durante o Congresso de Petencostes, em 1924, através de um ciclo de oito palestras para agricultores.
A Agricultura Biodinâmica visa a renovação do manejo agrícola, a sanação do meio ambiente e a produção de alimentos realmente condignos ao ser humano. Esse impulso quer devolver à agricultura sua força original criadora e fomentadora cultural e social, força que ela perdeu no caminho à industrialização direcionada à monocultura e à criação em massa de animais fora do seu ambiente natural.
A Agricultura Biodinâmica quer ajudar aqueles que lidam no campo a vencer a unilateralidade materialista na concepção da Natureza, para que eles possam, cada um por si mesmo, achar uma relação espiritual–ética com o solo, com as plantas e os animais e com os coirmãos humanos.
A Biodinâmica quer lembrar todos os homens que: "A Agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo a ver com todos".
O ponto central da Agricultura Biodinâmica é o Ser Humano que conclui a criação a partir de suas intenções espirituais baseadas numa verdadeira cognição da Natureza. O agricultor biodinâmico, se empenha em fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo possa responsabilizar-se, a saber, o que serve ao desenvolvimento duradouro da "individualidade agrícola". Isso inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.
O agricultor biodinâmico aprende, dentro do processo de trabalho, a ser ele mesmo um pesquisador, aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e formar dentro do seu estabelecimento um local de formação profissionalizante para gerações vindouras”.
(fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre).

(**) Na foto é nosso amigo Felix mostrando um super nabo que ele plantou, cultivado a partir dos princípios da agricultura biodinâmica, sem adubo químico e com interatividade com a Mãe Terra, cujo resultado é uma horta super abundante, com legumes e hortaliças deliciosos cheios de energia e sabor, o que posso atestar, pois tenho sido beneficiada gentilmente com as hortaliças de sua horta. Meus cumprimentos pelo teu trabalho, amigo Felix, e gratidão por tua amizade!
Nuit

domingo, 13 de junho de 2010

Primeiro Encontro do Clã Sandoval em Pelotas-RS



Queridos hermanitos!
No domingo, dia 06, alguns Sandovais puderam e quiseram dizer SIM ao encontro de nosso clã, que seguindo a ordem na chacana, foi o último a acontecer, mas nem por isso com menos qualidade, hehehe...
Nossa amadinha comadrezita Nuit não pode estar presente, mas o querido compadre Siddharta esteve conosco...
Passamos um gostoso dia reunidos no sítio do trio motoyama/sandoval, onde meditamos sob o sol, cada um nos contou algo sobre si, suas atividades, sua área de serviço ou nos deu um breve sat sang... brincamos, ensaiamos nossa apresentação no Inti Raymi (segredo... alguém de fora mais pode estar nos lendo, hehehe) e rimos muito e também nos deleitamos com a beleza do dia, o fogo na lareira e como não podia deixar de ser com as comiditas, sucos e um bom vinho... Cada um fez um pouco, uns na cozinha, outros ajudando a colocar a mesa, a lavar a louça (tarefa para o compadre, jajaja)... Foram momentos marcantes em que nos conhecemos mais um pouquinho e além do que, brincávamos "somos um grupo influente", hehehe, além do compadre estava presente a mama Ifi, o Kuraca Puma Galahad e uma guia... Tudo foi fluindo com muita leveza...e carinho... a gente se descobrindo, percebendo nossos gostos e atitudes comuns... sentindo o que é pertencermos a um clã e ao ayllu Mística Andina...
Na hora da meditação Tayta Inti nos envolveu amorosamente, Paralda com gentileza nos visitou, os pássaros cantaram e percebemos o bater das asas dos gansos se deliciando ao entrar na água... sentimos Pachamama ali, nos acolhendo generosamente...e mostrando sua exuberância... e assim mais uma vez sentimos o quanto precisamos zelar amorosamente por ela...
Om guru deva Pachamama!
Om guru deva Sandovalitos amados!
Sonhemos juntos com um mundo melhor!
Susana Sandoval

domingo, 6 de junho de 2010

A Terra sujeito de dignidade e de direitos - Leonardo Boff



Uma tema central da Cúpula dos Povos sobre as Mudanças Climática, reunida em Cochabamba de 19-23 de abril, convocada pelo Presidente da Bolívia Evo Morales é o da subjetividade da Terra, de sua dignidade e direitos. O tema é relativamente novo, pois dignidade e direitos eram reservados somente aos seres humanos, portadores de consciência e inteligência. Predomina ainda uma visão antropocêntrica como se nós exclusivamente fôssemos portadores de dignidade. Esquecemos que somos parte de um todo maior. Como dizem renomados cosmólogos, se o espírito está em nós é sinal que ele estava antes no universo do qual somos fruto e parte.

Há uma tradição da mais alta ancestralidade que sempre entendeu a Terra com a Grande Mãe que nos gera e que fornece tudo o que precisamos para viver. As ciências da Terra e da vida vieram, pela via científica, nos confirmaram esta visão. A Terra é um superorganismo vivo, Gaia, que se autorregula para ser sempre apta para manter a vida no planeta. A própria biosfera é um produto biológico, pois se origina da sinergia dos organismos vivos com todos os demais elementos da Terra e do cosmos. Criaram o habitat adequado para a vida, a biosfera. Portanto, não há apenas vida sobre a Terra. A Terra mesma é viva e como tal possui um valor intrínseco e deve ser respeitada e cuidada como todo ser vivo. Este é um dos títulos de sua dignidade e a base real de seu direito de existir e de ser respeitada como os demais seres.

Os astronautas nos deixaram este legado: vista de fora da Terra, Terra e Humanidade fundam uma única entidade; não podem ser separadas. A Terra é um momento da evolução do cosmos, a vida é um momento da evolução da Terra e a vida humana, um momento posterior da evolução da vida. Por isso, podemos com razão dizer: o ser humano é aquele momento em que a Terra começou a ter consciência, a sentir, a pensar e a amar. Somos a parte consciente e inteligente da Terra.

Se os seres humanos possuem dignidade e direitos, como é consenso dos povos, e se Terra e seres humanos constituem uma unidade indivisível, então podemos dizer que a Terra participa da dignidade e dos direitos dos seres humanos.

Por isso não pode sofrer sistemática agressão, exploração e depredação por um projeto de civilização que apenas a vê como algo sem inteligência e por isso a trata sem qualquer respeito, negando-lhe valor autônomo e intrínseco em função da acumulação de bens materiais. É uma ofensa à sua dignidade e uma violação de seus direitos de poder continuar inteira, limpa e com capacidade de reprodução e de regeneração. Por isso, está em discussão um projeto na ONU de um Tribunal da Terra que pune quem viola sua dignidade, desfloresta e contamina seus oceanos e destrói seus ecossistemas, vitais para a manutenção dos climas e da vida.

Por fim há um último argumento que se deriva de uma visão quântica da realidade. Esta constata, seguindo Einstein, Bohr e Heisenberg, que tudo, no fundo, é energia em distintos graus de densidade. A própria matéria é energia altamente interativa. A matéria, desde os hádrions e os topquarks, não possui apenas massa e energia. Todos os seres são portadores de informação. O jogo das relações de todos com todos, faz com que eles se modifiquem e guardem a informações desta relação. Cada ser se relaciona com os outros do seu jeito de tal forma que se pode falar que surge níveis de subjetividade e de história. A Terra na sua longa história de 4,3 bilhões de anos guarda esta memória ancestral de sua trajetória evolucionária. Ela tem subjetividade e história. Logicamente ela é diferente da subjetividade e da história humana. Mas a diferença não é de princípio (todos estão conectados) mas de grau (cada um à sua maneira).

Uma razão a mais para entender, com os dados da ciência cosmológica mais avança, que a Terra possui dignidade e por isso é portadora de direitos e de nossa parte de deveres de cuidá-la, amá-la e mantê-la saudável para continuar a nos gerar e nos oferecer os bens e serviços que nos presta.

Agora começa o tempo de uma biocivilização, na qual Terra e Humanidade, dignas e com direitos, reconhecem a recíproca pertença, a origem e o destino comuns.

DIZENDO SIM À VIDA!



Amadas irmãs e irmãos, permitam-me compartilhar a reflexão de um tema muito simples, mas que dependendo de nossa escolha, podemos escolher o sofrimento. Falo da possibilidade que temos de dizer ‘SIM’ à Vida, pois quando escolhemos dizer “SIM” todo o nosso ser se abre e, quando dizemos “não”, o nosso ser se fecha, não é assim?
Você já parou para se observar diante das escolhas que faz diante da Vida? Não é verdade que tudo se resume a um “Sim” ou a um “Não”? Temos este poder: o poder da escolha e assim vamos construindo nosso destino ou mudando a um destino de que não gostamos dos resultados.
Quando escolhemos o “não” é o ego quem está ganhando o jogo; os “nãos” começam a luta, dividem o que é Uno e deflagram o conflito interno; o “não” é o limite que nos separa do Todo. O “não” nos fecha a porta da experiência pela simples escolha de ficarmos trancados em nosso próprio mundinho de medo e negatividade. O que ganhamos escolhendo um “não”? Ganhamos um ego mais forte que nos domina e nos torna fracos...
Quando dizemos “SIM” nos abrimos à experiência, à existência, à VIDA, simplesmente fluímos com tudo, transpassando os limites e voltamos a ser unos com o Todo; o “Sim” nos abre a porta das infinitas possibilidades, da esperança, do amor, da alegria. Mais profundamente, podemos dizer que ao escolhermos o “SIM”, estamos dizendo SIM a Deus; o mundo também é Deus, o mundo é a criação D’Ele... O nosso “SIM” tem que ser amplo e incondicional, que englobe tanto a Deus como ao mundo. Deus é esta unidade.
Compartilho com vocês esta reflexão, porque ultimamente me flagrei dizendo “SIM” a Deus e “não” ao mundo; este perigo existe, há que ter muita atenção para não cair nesta cilada do ego mental, que separa a Deus do mundo, e as vezes, em nossas escolhas, não nos damos conta de que Deus é Tudo!
Para encerar, se me permitem, gostaria de recomendar um filme chamado “SIM, SENHOR!” e aos que já o assistiram o façam de novo. O filme é uma comédia muito engraçada sobre o tema de dizer Sim à Vida.
EU DIGO SIM! Pelo menos estou tentando disciplinar minha mente a fazer a escolha sob a luz correta.
Beijo em vossos corações,
Nuit Sandoval

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dia de chuva... e reflexão

Bom dia amadas irmãs e irmãos, os saúdo neste dia chuvoso...
Já lhes disse que amo a chuva? E como a amo, o Senhor me trouxe um trabalho em que posso ficar em casa quando chove... Assim, posso vivenciar os ciclos naturais, pois quando abre o Sol, saio a trabalhar aberta à vida, e quando chove posso ficar introspectiva, aberta a reflexão e a oração, num estado intimista, me deleitando na santa Presença de Deus e da Deusa.
A troca das estações do ano também, como ritmo de Pachamama, nossa Deusa, acompanha Sua expansão e contração; bem como o ciclo menstrual das mulheres, ou a noite e o dia, ou os ciclos da Lua... Enfim, todos conhecemos estes ciclos, o que esquecemos, porém, foi como respeitá-los e vivermos mais lentamente dentro destes ritmos naturais.
Quando chove nossa essência nos pede para ficarmos recolhidos em nossa casinha, nos alimentando energeticamente com a música da chuva quando toca o solo ou os telhados. Eu sei, você tem que sair a trabalhar e que seu chefe não entende nada dos ritmos da natureza... Infelizmente, o mundo carece de valores naturais e nosso ser mais íntimo se ressente com isto, ficando nostálgico nos dias de chuva, não é assim?
Ah amados, que felicidade será quando as pessoas voltarem a sentir e a respeitar os ciclos da natureza, respeitando os dias de chuva, o ciclo menstrual das mulheres, que poderão ficar recolhidas e conscientes do que se lhes acontece energeticamente, entregues a purificação natural e renovadora, preparando a fertilidade em nosso ser, não só para gerar uma vida, mas para nos renovar energética e espiritualmente para um novo ciclo, a si mesma e a seu companheiro. As nossas ancestrais sabiam muito bem disto, e na cultura indígena a mulher era dispensada de seus afazeres domésticos e se recolhiam em uma tenda para este fim e, junto a outras as mulheres em igual estado, podiam compartilhar deste ritmo sagrado; os homens da tribo davam, por amor à Deusa, este descanso as suas mulheres e por valorizarem em si mesmo e nelas a polaridade feminina da energia.
Assim, reverencio as mulheres, não só porque são de meu gênero, mas, sobretudo, porque são uma representação de Pachamama, pois, às mulheres, Ela se deu inteiramente, fazendo-nos sentir, em nosso corpo, estes ritmos de que estamos falando... E aos homens também Ela dotou de um lado mais terno e sensível; felizes dos homens que já descobriram em si este lado da energia feminina, e não estou falando da opção sexual, mas sim, da energia feminina, presente também nos homens, que os torna mais abertos à espiritualidade, sensíveis aos ritmos naturais da Vida, sendo ternos e amantes da Deusa presentes em suas companheiras. Amigos, ao relacionarem-se amorosamente com suas mulheres, ao se fundirem sexualmente com elas, em última instância têm a oportunidade de conhecerem a Deusa encarnada em sua esposa, namorada, amiga. Ao amarem suas mulheres procurem ali pela Deusa, pois Ela sempre esteve ao alcance de Seus filhos amados e de Suas filhas amadas...
Os ritmos de Pachamama são sagrados, assim como o poder do feminino em nós, tanto em homens como em mulheres.
Um Feliz dia de chuva!
Com amor,
Nuit Sandoval

Que símbolo escolhes para a nossa bandeira Sandoval?