quarta-feira, 25 de abril de 2012

CONGRESSO NACIONAL: QUE VERGONHA!

Em terra de cego quem tem um olho é rei

© Ana Kummer
Em tempos de crise ambiental o Brasil reina soberano esbanjando suas riquezas naturais. Detentor da segunda maior cobertura vegetal e primeira tropical do mundo, o país sofre com o desmatamento que o fez liderar o ranking mundial entre 2000 e 2005, segundo dados da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
Apesar da queda recente dos índices de desmatamento, reacende no Congresso brasileiro a discussão sobre possíveis alterações da legislação ambiental que é considerada a mais moderna do mundo e que representa o bloqueio jurídico ao desmatamento nacional, o Código Florestal Brasileiro. As alterações propostas pela bancada ruralista, que vai ser votada hoje, terça-feira (24), implicam em diversos retrocessos aos esforços de combate à destruição do meio ambiente até então bem sucedidas. Alterações como as que permitirão o aumento do desmatamento das áreas de mangue, redução da área de Reserva Legal, e impunidade ao anistiar multas pela destruição de vegetação nativa são algumas das questões mais criticadas pelos ambientalistas, os quais afirmam, assim como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que a tendência é que haja novamente o avanço contra as florestas.
A reportagem de Lúcio Vaz para a Folha de S. Paulo, na qual denunciou o esquema que pretende anistiar as multas ambientais de grandes doadoras eleitorais de 50 congressistas, os quais receberam cerca de R$ 15 milhões em suas campanhas e que agora votam a favor da alteração da legislação do Código Florestal Brasileiro para favorecer os ruralistas, é prova de que a corrupção se generalizou de tal modo que irá colocar em risco de forma irreversível toda a saúde do planeta, com a onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico que esta sendo anunciada caso as alterações sejam aprovadas.
Diante disso o Brasil se mostra incapaz de assumir com responsabilidade a preservação do patrimônio mundial, se colocando em situação embaraçosa a âmbito internacional, já que se comprometeu a reduzir as emissões de CO2 ao se tornar signatário do Protocolo de Kyoto, além de ser o país que irá sediar uma das maiores reuniões internacionais sobre desenvolvimento sustentável, a RIO+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - nos dias 20 a 22 de junho e quiçá colocando em risco sua própria soberania nacional.
O ecossistema presente no Brasil e seus efeitos repercutem a nível global, sendo consideradas questões ambientais transfronteiriças. É por essa razão que os cidadãos do mundo também estão atentos aos mandos e desmandos dos políticos brasileiros. Há tempos a capacidade do Brasil em gerenciar seus recursos naturais vem sendo questionadas, a Internacionalização da Amazônia já foi cogitada e as teorias de conspiração sobre futuros conflitos internacionais pela água e recursos naturais em geral tem se tornado cada vez mais reais frente a total incapacidade do governo brasileiro em assumir seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a preservação do patrimônio mundial.
As teorias de conspiração e questões ligadas à soberania nacional do país podem hoje parecer um discurso distante da realidade e para muitos algo impossível de acontecer, mais em tempos de crise ambiental se não houver de fato uma conscientização e mudança nos valores a partir dos quais a sociedade vem pautando suas atitudes e ações, a desigualdade extrema que já é realidade em diversos países devido à má distribuição dos recursos existentes no mundo, se tornarão cada vez mais gritantes, e os conflitos mais abundantes.
Por esses motivos, algumas pessoas tem se manifestado em diversas cidades do país pedindo pelo resgate dos valores e das relações do homem consigo mesmo, com o outro e com o meio, questões ligadas ao consumo consciente, ao reaproveitamento de materiais, e o fim da obsolescência programada. Pedem também o resgate da ética e da moralidade nas instituições públicas, e mais atenção às questões ambientais e às decisões que estão sendo tomadas no Brasil pelos políticos que foram eleitos.

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