quinta-feira, 16 de julho de 2009

Espectros, (Walt Whitman)

Com um vidente deparei,
Passando pelos matizes e objetos do mundo,
Os campos da arte e do conhecimento, prazer e sentidos,
Coligindo espectros.

Introduz teus cantos, ele disse,
Não mais a hora confusa nem o dia, nem segmentos, partes, introduz,
Começa, antes dos demais, como a luz para todos e por todos a canção de entrada,
Aquela dos espectros.

Sempre o pálido começo,
Sempre o crescimento, o arredondamento do círculo,
Sempre o ápice e o análgama afinal (para o certo recomeço).
Espectros, espectros!

Sempre mutáveis,
Sempre materiais, transformando-se, fazendo-se em migalhas readerindo,
Sempre os ateliês, as fábricas divinas,
Editando espectros.

Veja-se, eu ou tu,
Ou mulher, ou homem, ou estado, conhecido ou ignorado,
Nós parecemos sólida riqueza, força, beleza construída,
Mas de fato erguemos espectros.

A ostentação evanescente,
A substancia do humor de um artista ou a longa observação da savana,
As armadilhas de um guerreiro, de um mártir, de um herói,
Para talhar seu espectro.

Toda a vida humana,
(As unidades juntas, protegidas, nem um pensamento, a emoção, a realização, deixados de fora)
O todo ou o grande ou o pequeno somado, adicionado,
Sem seus espectros.

O velho, o antigo anseio,
Baseado nos clássicos pináculos, veja os novos, mais altos pináculos,
Da ciência e do moderno ainda impelidos
Pelo velho, antigo anseio, espectros.

O presente. aqui e agora,
Da América, o ocupado, o prolífico, o intrincado turbilhão,
De agregado e segregado, porque dali apenas deixando ir,
Os hodiernos espectros.

Esses com o passado,
De terras esvaecidas, de todos os reinos de reis de além mar,
Velhos conquistadores, velhas campanhas, velhas viagens de marinheiros,
Juntando-se espectros.

Densidades,crescimento, fachadas,
Estratos de montanhas, terras, rochas, árvores gigantes,
Nascidos à distância, à distância morrendo, vivendo longamente, para deixar,
Espectros perpétuos.

Exaltado, arrebatado, extático,
O útero visível, mas deles desde a origem
De esféricas tendências para talhar, talhar e talhar,
A poderosa Terra-espectro.

Todo espaço, todo tempo
(As estrelas, as terríveis perturbações dos sóis,
Dilatando-se, desmoronando, acabando, servindo seu propósito mais breve ou [duradouro),
Plenos de espectros somente.

Miríades silenciosas,
Os oceanos infinitos onde os rios deságuam,
As incontáveis identidades livres, separadas, como visão,
As verdadeiras realidades, espectros.

Não é este o mundo,
Não são esses os universos, eles os universos
Significam e terminam, sempre a permanente vida da vida,
Espectros, espectros.

Além de tuas aulas, erudito professor,
Alem de teu telescópio ou espectroscópio aguçado, observador, além de toda [matemática,
Alem da cirurgia dos médicos, da anatomia, além dos químicos e sua química,
As entidades das entidades, espectros.

Soltos, ainda que presos,
Sempre serão, sempre foram e são,
Varrendo o presente para o futuro sem fim,
Espectros, espectros, espectros.

O profeta e o bardo
Devem embora manter-se em estágios ainda mais elevados,
Devem mediar para o moderno, para a Democracia, ser interpretes deles ainda,
Deus e espectros.

E tu, minha alma,
Alegrias, exercícios incessantes, exaltações,
Teus anelos amplamente atendidos finalmente, preparados para encontrar,
Teus companheiros, espectros.

Teu corpo permanente,
O corpo espreitando lá dentro de teu corpo,
O único sentido da forma de tua arte, o verdadeiro Eu, eu mesmo,
Uma imagem, um espectro.

Tuas próprias canções fora de tuas canções,
Sem tensões especiais para cantar, nenhuma por si mesma,
Mas do resultado total, erguendo-se finalmente e flutuando,
Um giro em circulo total do espectro.

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